Os médicos dizem que a seriedade dos ferimentos decorre do fato de que a estudante de medicina e um amigo que a acompanhava foram atacados e surrados com barras de ferro após a mulher ter sido estuprada.
"Isto foi mais do que um estupro, havia muitos ferimentos. Parece que um objeto muito grosso foi usado repetidamente [pelos responsáveis pelo ataque]", conta um dos médicos, acrescentando que este é um dos casos mais graves de estupro que já viu.
Mas, de acordo com o correspondente da BBC na capital indiana, Soutikl Biswas, há pouca esperança de que o caso motive mudanças concretas na cidade, que vinha contabilizando uma incidência cada vez maior deste tipo de violência.
Somente neste ano, mais de 630 casos de estupro já foram registrados em Nova Déli, conhecida no país como "capital do estupro".
De tempos em tempos, casos como este mobilizam a opinião pública e ganham espaço em programas de TV, jornais, revistas, além de virarem tema de protestos e discursos de políticos. Mas pouco depois o nível de atenção é reduzido e o ciclo de violência e impunidade continua, dizem analistas.
E um sistema judiciário ineficiente aliado a uma polícia conivente e negligente não parecem ajudar as vítimas, avalia Biswas.
"A violência e os abusos de mulheres são grandes problemas em Déli e no norte da Índia. Uma mentalidade fortemente patriarcal, uma cultura de impunidade entre o poder, um desdém generalizado pela lei, uma força policial em grande parte insensível e uma crescente população de imigrantes sem raízes e ilegais são alguns dos fatores desde cenário. Mas deve haver muitos outros", diz o correspondente.
"Se você for mulher – a não ser que seja muito rica e privilegiada - há mais chances de enfrentar humilhação e indignidade aqui", acrescenta.
Protestos
O caso de estupro coletivo ocorrido no último domingo causou comoção no país. Cinco pessoas, incluindo o motorista do ônibus no qual ocorreu o ataque, foram presas. A polícia diz estar procurando ainda mais uma pessoa.
Na quarta-feira, um grande protesto em Nova Déli pedindo punições fortes contra os estupradores foi dispersado pela polícia com jatos de água após manifestantes tentarem derrubar barreiras de metal em frente à casa da chefe de governo da capital, Sheila Dikshit.
Em outras partes da cidade, grupos de estudantes universitários montaram barricadas para protestar contra as autoridades.
Em resposta aos protestos, o governo anunciou uma série de medidas para tentar aumentar a segurança para mulheres na cidade.
Pressão
O governo vem sofrendo grande pressão de membros da oposição, de estudantes e de grupos ativistas pelos direitos das mulheres, que acusam as autoridades de não fazer o suficiente para combater os crimes contra as mulheres.
Pressionado pela oposição, o ministro do Interior, Sushil Kumar, fez nesta quarta-feira um pronunciamento sobre o caso pela segunda vez em dois dias.
Shinde disse que haverá mais patrulhas policiais noturnas e que todos os motoristas de ônibus e seus auxiliares serão submetidos a checagens.
Ele também afirmou que ônibus com janelas escurecidas e cortinas - como o veículo onde ocorreu o estupro no domingo - serão confiscados.